Uma bela vista poética de acontecimentos cotidianos, com crianças brincando, velhinhas tomando chá ou a chuva caindo; esse foi o pano de fundo que inspirou Cecilia Meirelles a escrever os 56 poemas que compõe Ou isto ou aquilo em 1964, data de sua primeira publicação. De lá pra cá, nunca parou de conquistar gerações e ser eternamente atual. Cada poema se tornará uma experiência de aquecer o coração e a alma embalada com muito ritmo e musicalidade.
Usando a sua experiência como professora primária, e sua preocupação com o alfabetizar, seus poemas cheios de figuras de linguagem brincam com as palavras e tornam divertido o processo de aprender e ensinar, trazendo novas formas de apresentar o alfabeto e a pureza das rimas. Notamos essa preocupação na metalinguagem do poema “O mosquito escreve”, no qual a escritora reforça seu direcionamento para as crianças – “... escrever cansa, /não é criança?”.
Fechando o livro, o poema “Ou isto, ou aquilo” reforça a existência (para nós adultos?) da dualidade que é o ensinar e o aprender – “...Não sei se brinco, não sei se estudo”, mostrando que a todo momento fazemos escolhas. Mas por que não viver as duas realidades ao mesmo tempo? O estudo pode ser uma grande brincadeira, e a brincadeira um grande aprendizado.
"Como grande poeta que era, Cecília Meirelles conseguiu o que raros conseguem: manter a pureza do olhar-criança e a capacidade sempre renovada de se encantar com as coisas simples do mundo. Dai a graça e o fascínio imediato de seus poemas infantis, que atraem igualmente à gente miúda e aos adultos." (Nelly Novaes Coelho, 1993)
As ilustrações de Odilon Moraes, completam o ar de encantamento, com cada poema sendo ilustrado com as situações e elementos tratados. Ao mesmo tempo que lemos e ouvimos o som das palavras, podemos encontrá-las nas imagens apresentadas.