Nori nasceu no ano de 1985 e a maternidade logo se descortinou para a professora e pesquisadora Sônia Ninomiya. Um filho muito amado, esperado, que chegou para a mulher solitária que vivia no Rio de Janeiro e apenas encontrava o marido nos finais de semana, uma vez que ele trabalhava os demais dias em São Paulo. Amamentar, as privações de sono e de cuidados, os primeiros percalços, os choros recorrentes na depressão pós-parto e logo depois o diagnóstico do filho Nori, junto à negação ao que estava ocorrendo dentro de casa, tudo parecia uma imensa areia movediça. Sônia não se queixava com ninguém a respeito do comportamento do menino, até se dar conta de que não conseguiria resolver nada dessa maneira, ainda mais com um novo bebê e a terceira gravidez... O alívio veio somente com uma rede de apoio em São Paulo, com novos médicos, escola, família e a coragem para olhar de frente as limitações de Nori e se tornar uma mulher mais leve e, consequentemente, uma mãe mais feliz.
Como a família possuía uma condição financeira favorável, o casal Ninomiya pôde proporcionar a Nori todas as terapias e cursos possíveis, incluindo aulas de desenho, das quais ele gostava muito e vieram ser a base para o aperfeiçoamento de suas habilidades como ilustrador. É Nori quem hoje assina as imagens desta HQ. O artista costura sua existência a fatos históricos com humor, ainda que relatando situações difíceis e desconcertantes com os irmãos, com a família e com colegas. O que importa realmente são suas conquistas ainda que pequenas aos olhos das demais pessoas, os sorrisos com direito à fantasia e toda a criatividade que lhe acompanham desde sempre.
Esta é uma história emocionante para famílias que vivem realidade semelhante à de Nori e Sônia, mas ambém para famílias e profissionais que desejam uma boa narrativa em HQ ou se aproximar do tema autismo. A propósito, a orelha do livro é assinada pela psiquiatra e psicanalista Vera Regina J. R. M. Fonseca que acompanhou Nori por alguns anos na infância.