Era um verão tedioso, os animais foram convidados para uma festa. Dançaram, se divertiram, comeram até ficarem satisfeitos. Ao voltar, uma grande e terrível surpresa os aguardava: suas casas não estavam mais lá. Preocupados, procuraram-nas por toda parte, mas só encontraram destroços e uma pilha de entulho que de nada lhes servia. Mesmo assim, não mediram esforços para tentar reconstruir. Porém, os novos objetos não resistiam às intempéries e não atendiam as suas necessidades. Insistindo na busca pela casa perdida, os animais descobrem o paradeiro de suas moradias: os troncos das árvores continuavam sendo casa, mas agora, serviam como base de abrigo para “estranhas criaturas”, os seres humanos.
A obra de Cristóbal Leon e Cristina Sitja Rubio toca em uma questão delicada e bastante contemporânea, a relação do ser humano com a natureza, utilizando a fábula e a ironia para abordar a perspectiva dos animais nessa via que não é de mão dupla.
O livro nos convida à reflexão, nua, crua e quase matemática: ao cortar uma árvore, um animal perde sua casa. Quantos animais perderam suas casas para que tivéssemos a nossa? Colocando na balança a nossa aparente superioridade frente aos animais, podemos nos perguntar se somos mesmo mais importantes e por quê. O diálogo entre homens e bichos só acontece quando os primeiros sentem na pele o que os animais viveram, levando à conscientização e à transformação.
As ilustrações contribuem para a apresentação de outra perspectiva, as imagens trazem diversos planos em um mesmo desenho, possibilitando um olhar diverso da floresta. É como se nos apontassem para o todo, composto de diversas camadas que se inter-relacionam.