Crianças, crianças, crianças... cada uma com sua manha, cada um com seu pijama. No entanto nem tão diferentes assim, quando começam a perceber que o mundo é cheio de desejos e caminhos para realizá-los. Talvez antes dos três, quatro anos, quando começam a se sentir independentes, começam também a sentir falta de um amigo. Pode ser um animal possível, um gato ou cachorro... Pode ser um bicho mais impossível de ter ou conter, um rato ou um elefante! Criança inventa dar alma a tudo para ter companhia de plantas, água do mar ou chuva. E assim é um mundo simples e completo.
Quando é hora de ir para a escola, no entanto... Uma criança, como a Clarice deste livro, pode se sentir num canto de uma página toda branca, longe da roda, até que venha alguém puxá-la para brincadeira. É interessante notar que, na linguagem infantil, o amigo tão desejado cabe mesmo em qualquer lugar, pode ser um menino, uma menina, uma coisa incrível de suas leituras e tele-imaginação, um mascote de pelúcia, madeira etc.
Com afetivos desenhos em aquarela e tão pouquíssimas palavras (menos do que esta resenha contém!), Graça Lima registrou importantes momentos do processo de sociabilização infantil, refletindo, intervalo em intervalo, do branco silencioso às nuvens de cor, o que uma criança carrega consigo e oferece aos primeiros amigos.