Sérgio Capparelli é jornalista, professor e escritor de literatura e poesia. Nascido em Uberlândia, Minas Gerais, em 1947, passou por várias outras cidades do Brasil, como São Paulo, Goiânia, Curitiba e Porto Alegre. Já no exterior, foi morador de Paris, Munique, Londres, Montreal e Beijing.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sérgio Capparelli escreveu mais de 30 livros ao longo dos anos, dentre os quais alguns títulos que vem conquistando gerações de leitores, como Os meninos da Rua da Praia, Vovô fugiu de casa, As meninas da Praça da Alfândega, Minha sombra, A casa de Euclides, o Menino levado ao céu pela andorinha e Duelo do Batman contra a MTV.
Sérgio Capparelli tem muitos estudos, artigos e ensaios sobre jornalismo e comunicação publicados, reconhecidos e premiados, como o Televisão e Capitalismo no Brasil, pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti em Ciências Humanas em 1983.
De toda maneira, podemos dizer que alguns dos maiores reconhecimentos de sua carreira vieram por meio de suas obras dedicadas às crianças e jovens: o autor recebeu o Selo de Ouro para Livro Infantil Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) em cinco ocasiões, além de ter colecionado vários prêmios importantes, como cinco Jabutis, Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Láurea de Excelência da Universidade de Montreal, no Canadá, Prêmio Açorianos, Prêmio Odylo Costa, filho, Prêmio Monteiro Lobato, dentre outros.
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Poemas para apresentar Sérgio Capparelli às crianças e jovens
Além de incentivar a intimidade com os livros, o interesse e o fortalecimento do hábito da leitura, mães, pais, professores e cuidadores em geral podem e devem apresentar poesia para as crianças. Não apenas por ser um gênero literário muito importante, e do qual o Brasil tem diversos representantes incríveis, mas também porque a poesia proporciona uma dinâmica bastante diferente da prosa: é naturalmente repleta de pausas, de silêncios, de contemplações e de reflexões sobre a vida e nós mesmos.
As possibilidades são muitas, mas separamos algumas sugestões de poemas para apresentar Sérgio Capparelli às crianças. Todos estão disponíveis na compilação de poesias do autor chamada 111 poemas para crianças, lançada pela L & PM Editores em comemoração ao aniversário de 20 anos de publicação de Boi da cara preta, o primeiro livro infantil de Sérgio Capparelli. Este livro foi enviado pelo Clube Quindim aos seus assinantes, e vale muito a pena ter em casa!
A obra recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura 2004, na categoria Infantil, o Selo Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) também em 2004, e foi selecionada para o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) em 2005. Neste livro, além das palavras, há também ilustrações que complementam, dialogam e criam outros significados para o texto.
Confira, a seguir, algumas sugestões de poemas de Sérgio Capparelli que você pode ler com as crianças.
1. Férias
Neste ano eu vou à praia
Neste ano eu fico na serra.
Meus dias serão longos.
Será longa a minha espera.
O mar sobe à montanha.
Desce a montanha ao mar,
Com flores sobre as ondas.
Farfalham jacarandás.
Meu amor, de maré cheia.
Meu amor, de espumas do mar.
2. Seu Lobo
Seu Lobo, por que esses olhos tão grandes?
Pra te ver, Chapeuzinho.
Seu Lobo, pra que essas pernas tão grandes?
Pra correr atrás de ti, Chapeuzinho.
Seu Lobo, por que esses braços tão fortes?
Pra te pegar, Chapeuzinho.
Seu Lobo, pra que essas patas tão grandes?
Pra te apertar, Chapeuzinho.
Seu Lobo, por que esses nariz tão grande?
Pra te cheirar, Chapeuzinho.
Seu Lobo, por que essa boca tão grande?
Ah, deixa de ser enjoada, Chapeuzinho!
3. Crocodilo
Um crocodilo
Do Nilo
Chamado Odilo
Preferia ser chamado de Odilon.
Um touro zebu
Chamado Zé Bu
Andava nu
Causando um grande rebu.
Uma bruxa
Gorducha
Indo pra ducha
Não se lavou, faltava bucha.
Um dromedário
Falsário
Perdeu o horário
Do avião que seguia para o Cairo.
Um tigre de Bengala
De bengala
Ia a Kampala
E só não foi por falta de mala.
4. Batatinha aprende a latir
O cachorro Batatinha
Quer aprender a latir,
Abre a boca, fecha os olhos:
I, I, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i, i.
O cachorro Batatinha
Até pensa que latiu.
Abre a boca, fecha os olhos:
Iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu.
O cachorro Batatinha
Quer latir, acha que errou:
Abre a boca, fecha os olhos:
Ou, ou, ou, ou, ou, ou, ou, ou.
O cachorro batatinha
Vai latir mesmo ou não vai?
Abre a boca, fecha os olhos:
Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai.
O cachorro Batatinha
Late tanto que nem sei…
Abre a boca, fecha os olhos:
Ei, ei, ei, ei, ei, ei, ei, ei.
O cachorro Batatinha
Até pensa que aprendeu.
Abre a boca, fecha os olhos:
Eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu.
O cachorro Batatinha
Sonha que late, afinal.
Abre a boca, fecha os olhos:
Miau, miau, miau, miau.
5. O buraco do tatu
O tatu cava um buraco
À procura de uma lebre,
Quando sai pra se coçar,
Já está em Porto Alegre.
O tatu cava um buraco
E fura a terra com gana,
Quando sai pra respirar,
Já está em Copacabana.
O tatu cava um buraco
E retira a terra aos montes,
Quando sai pra beber água,
Já está em Belo Horizonte.
O tatu cava um buraco
Dia e noite, noite e dia,
Quando sai pra descansar,
Já está lá na Bahia.
O tatu cava um buraco,
Tira terra, muita terra,
Quando sai por falta de ar,
Já está na Inglaterra.
O tatu cava um buraco
E some dentro do chão,
Quando sai para respirar,
Já está lá no Japão.
O tatu cava um buraco.
Com as garras muito fortes,
Quando quer se refrescar,
Já está lá no Polo Norte.
O tatu cava um buraco,
Um buraco muito fundo,
Quando sai pra descansar,
Já está no fim do mundo.
O tatu cava um buraco,
Perde o fôlego, geme, sua,
Quando quer voltar atrás,
Leva um susto, está na Lua.
6. O que é mãe
Mãe? O que é mãe?
Pessoa doce?
Tão doce
Que faz passar vergonha
Doce de batata-doce?
Mãe? O que é mãe?
Tão doce
Que se parte
Quando parte
Melhor seria
Se não se fosse.
Mãe? O que é mãe?
Luz muito clara
Tão clara
Que nos aclara
E, afagando,
Nos ampara?
Mãe? O que é mãe
Tão doce? Tão severa
Se a gente erra!
E que empurra
Se tudo emperra
Mãe severa?
Mãe doce?
Ou mãe fera?
Nesse teu dia
Te dou jasmim,
Te dou gladíolos,
Te dou beijim,
Assim assado,
Assim, assim.
7. Drome, minininha
Drome, minininha,
Que logo vem o dia,
Cachorro tá latindo
No sonho da cotia.
Fecha os zoio e drome,
Minina, minininha,
A noite assa bolo
No forno da cozinha
Drome, minininha,
Papai num tá aqui,
Enfeita a noite preta
Com zoio de rubi.
Drome, minininha,
Mamãe foi trabaiá,
Lavá a noite suja
Com as água do luá.
Fecha os zoio e drome,
Minina, minininha,
Que noite mais escura!
Que noite mais daninha!
Sossega, minininha,
Sossega, tá na hora,
Logo vão se abri
Os zoio da Orora.
8. O potrinho
Relincho ao vento,
Eu sou um potrinho
Crescendo por fora,
Crescendo por dentro.
Cada passo que dou
Aumenta a distância
Que vem do que eu era
E vai ao que eu sou.
9. Guaraná com canudinho
Uma vaca entrou num bar
E pediu um guaraná.
O garçom, um gafanhoto,
Tinha cara de biscoito.
Olhou de trás do balcão,
Pensando na confusão.
Fala a vaca, decidida,
Pronta pra comprar briga:
– E que esteja geladinho,
Pra eu beber de canudinho!
Na gravata borboleta,
Gafanhoto fez careta.
Responde: vaca sem grana,
Se quiser, vai comer grama.
– Ah, é?, muge a vaca matreira,
Quem dá leite a vida inteira?
– Dou leite, queijo, coalhada,
Reclamo, ninguém me paga.
Da gravata, a borboleta
Sai voando, satisfeita.
Gafanhoto leva um susto,
Acreditando muito a custo.
E serve, bem rapidinho,
Guaraná com canudinho.
10. O olho do furacão
Eu sou
Eu sou o olho
Eu sou o olho do furacão
Eu sou o olho do furacão que espia
Eu sou o olho do furacão que espia:
casas, telhados, ruas, brinquedos
pra levar num arrastão.
Eu sou o olho do furacão que espia
Eu sou o olho do furacão
Eu sou o olho
Eu sou
Eu.