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A importância da amizade de infância para o desenvolvimento infantil

amizade de infância

Psicóloga fala ao Clube Quindim sobre os benefícios da amizades para o desenvolvimento infantil e os impactos do isolamento social para a amizade de infância.

Em boa parte das histórias de ficção, o herói ou a heroína em algum momento conta com a ajuda de um amigo na sua jornada. As relações humanas são essenciais para construir um caminho, superar dificuldades e para a autodescoberta. Na infância, não poderia ser diferente. É a partir dos 3 anos de idade que a criança começa a desenvolver o comportamento de imitação e a compreender ações como compartilhar seus brinquedos e ajudar. Nessa fase, a socialização é necessária e deve ser incentivada.

Porém, em 2020, todos nós, adultos e crianças, enfrentamos um desafio nessa saga. Com a pandemia e a necessidade de isolamento social, as crianças se afastaram dos amigos da escola e também de outros círculos. Se os adultos sentem falta do contato com colegas de trabalho e pessoas queridas, será que isso também impacta as crianças? Qual será o impacto do isolamento para a amizade de infância? Para as menores, provavelmente estar em casa junto dos pais traz mais segurança e conforto do que no ambiente da escola, com “desconhecidos”. Mas no caso das crianças que já sentem falta do convívio externo, é importante incentivar as ligações on-line e o uso eventual da tecnologia para manter os vínculos, sempre reforçando que essa situação – de distanciamento – é necessária para a saúde de todos neste momento.

É o que explica a psicóloga Tâmala Resende Menezes, formada em Psicologia pela Universidade Mackenzie e especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva pela Universidade de São Paulo (USP). Para ela, é importante observar e se relacionar com os filhos para perceber como estão se adaptando à nova realidade. “Saber como eles estão, se conversam com os amigos, como se sentem… É preciso se interessar realmente e entender como a criança está”, aponta.

De forma geral, em contexto pandêmico ou não, os pais devem exercer seu papel diante das relações de amizade dos filhos. Para Tâmala, isso inclui cuidar, orientar, monitorar o que está acontecendo entre os filhos e os amigos. Dessa forma, o diálogo sempre é uma boa prática. “Converse com seu filho sobre como boas amizades devem ser, sobre limites, respeito, amor, carinho, sobre ser alguém ético independentemente do outro”, orienta.

A amizade de infância e Por que é importante construir relações

A socialização traz diversos benefícios ao comportamento e ao desenvolvimento da criança. Acessar novas formas de pensar, ampliar o conhecimento, aumentar a sensação de pertencimento estão entre eles. Além disso, a amizade de infância, e ter amigos em geral, promove diversas contribuições no campo de construção da identidade, desenvolvimento da autoestima e da comunicação.

Quando a criança está em contato com amigos de diferentes idades, ambientes e círculos sociais – como a escola, o condomínio, colegas de atividades fora da escola, filhos de amigos dos pais – ela aprende formas diferentes de vivenciar a mesma fase. “Se eu mantiver meu filho de 7 anos somente com crianças de 7 anos, ele vai perder algumas coisas importantes que crianças mais velhas podem ajudá-lo a desenvolver”, explica a psicóloga. Estar em contato com vários círculos também é importante para que a criança tenha opções e suporte quando um desses ambientes está indisponível.

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Amigos da escola, integrantes da família

O contato frequente com pessoas é importante desde o nascimento. A família é o primeiro contato social e o mais importante até a fase da adolescência. Contudo, a adição de outros meios sociais, por volta dos 3 anos, torna-se essencial para diversificar e ampliar repertórios de comunicação, comportamento e habilidades sociais. Nessa idade, a criança também já consegue entender como funcionam as diversas formas de organização de brincadeiras.

Estar em contato com amigos que não são necessariamente da família – como os irmãos ou primos – é importante em diversos cenários. Para a psicóloga, a diferença das relações que a criança vai estabelecer com crianças da família e amigos de fora depende muito do contexto familiar. “Existem famílias que possuem dinâmicas muito saudáveis e que possibilitam relações de amizade entre primos e irmãos muito melhores do que entre amigos da escola. Por outro lado, existem famílias que desenvolvem dinâmicas tão ruins e disfuncionais, que acabam criando inimizades dentro de casa. A amizade de infância da escola cumpre o papel de apoio, nesse segundo caso”, ressalta Tâmala.

A diferença entre essas relações também está nos papéis desenvolvidos. “Um irmão desempenha um papel hierarquicamente superior ao de um amigo da escola, tanto de proximidade como de cuidado. A criança pode contar com amigos e tê-los por perto sempre, mas família tem (ou deveria ter) um papel mais central de afeto e cuidado. Isso é importante para ser ensinado”, distingue.

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E se a criança não tem amigos?

Enquanto para os adultos o contato prolongado com pessoas queridas, até mesmo por anos, é importante para se estabelecer vínculos, para as crianças fazer amigos no parque ou na praia é algo relativamente fácil. Uma parte significativa das crianças consegue criar esse contato social mais imediato. Para Tâmala, esse tipo de contato transitório com crianças diferentes é positivo, uma vez que amplia a possibilidade de imitação de outros comportamentos. “Normalmente, crianças pequenas quando avistam outras crianças sentem vontade de interagir. Isso é ótimo, pois é sinal de desenvolvimento saudável”, observa.

Existem, entretanto, crianças que são mais retraídas e não gostam de contato. Para a especialista, o comportamento retraído pode ser observado já em pequenos entre 2 e 3 anos. “Uma criança mais retraída pode apresentar maior dependência emocional, medos, inseguranças, problemas de desenvolvimento. Mas isso não é regra e, sim, algo a ser observado”, pondera Tâmala.

A especialista chama a atenção dos pais para alguns sinais que podem demonstrar que algo não está indo bem: choro ou gritos excessivos para ir à escola; recusa da criança em sair de casa; agressividade com os colegas (como morder, beliscar); não brincar com outras crianças; não emprestar nunca os brinquedos. Nesse caso, cabe considerar ajuda de um psicólogo.

Desenhos animados com histórias de amizade

São muitos os livros e filmes que retratam histórias de amizades clássicas e comoventes. Separamos aqui três desenhos animados que falam de amizades em contextos desafiadores, em que animais ou sentimentos são humanizados. Relembre ou conheça essas histórias.

O Rei Leão

Mesmo com temáticas fortes, Rei Leão pode ser um desenho interessante para pensar nas amizades. O desenho animado da Disney (que foi lançado em versão live action em 2019) mostra as aventuras de Simba, um jovem leão que é herdeiro de seu pai, Mufasa. Oscar, tio de Simba, é o grande vilão que planeja roubar o trono de Mufasa, preparando uma emboscada para pai e filho. Com a ajuda de seus amigos, Timão e Pumba, Simba reaparece como adulto para recuperar sua terra, que foi roubada por seu tio. Nessa história, a psicóloga destaca duas histórias de amizade: a primeira é a de Simba e Nala, que são amigos de infância. “É a personagem de Nala que chama Simba à razão, reforçando que o reino precisa dele. As crianças devem entender que amizade não é só estar junto para tudo, mas também puxar a orelha quando preciso, mostrar para seu amigo sua responsabilidade”, explica Tâmala. A amizade de Simba com Timão e Pumba também é um destaque. “Apesar das diferenças entre as espécies, a dupla ajuda Simba a reconquistar o reino”, afirma.

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Procurando Nemo

Procurando Nemo também é um filme que mostra vários tipos de amizade em momentos difíceis. Em seu primeiro dia de aula, esquecendo os conselhos do pai superprotetor, o peixinho Nemo é capturado por um mergulhador e acaba no aquário de um dentista. Enquanto tenta bolar um plano para escapar dali, seu pai Marlin cruza o oceano para resgatá-lo, contando com a ajuda de Dory. Nesse desenho, Tâmala destaca que, quando Nemo está no aquário, os novos amigos que ele faz lá o ensinam a lidar com a sua deficiência física (uma das suas nadadeiras é menor que a outra). “Esses novos amigos representam também o conhecimento de ambientes diferentes, fora da casca protetora paterna”, aponta. No momento em que é capturado, o peixinho amadurece, pois conhece outras pessoas que o ensinam. A relação entre Marlin, o pai, com Dory, a peixinha com perda de memória recente, também ensina sobre conviver com o diferente, arriscar, aprender com os amigos e contar com a ajuda deles nos desafios.

Divertidamente

Ao se mudar de cidade com a família, as emoções de Riley, uma garota de 11 anos de idade, ficam extremamente confusas. No desenho, é possível entender um contexto de adaptação a um novo mundo exterior – escola e cidade diferentes – com quebras dos vínculos de amizade de forma brusca. Dentro do cérebro de Riley, acompanhamos como a garota enfrenta essa mudança de acordo com diferentes sentimentos, os quais são retratados como personagens (Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza). As relações entre as personagens Alegria e Tristeza são destacadas pela especialista. “É importante acompanhar como as duas personagens se tornam amigas e descobrem que são mais fortes juntas”, resume.

A importância da amizade de infância na literatura

Autora: Graça Lima
Editora: Escrita Fina

Conheça Clarice

Clarice quer um amigo é um livro lançado com exclusividade pelo Clube Quindim e conta a história da pequena que está em busca de um amigo. Pode ser um animal, grande ou pequenino. Ou até mesmo outra criança. É então que Clarice finalmente vai à escola onde encontra muitos amiguinhos. A obra nos mostra a importância da amizade de infância principalmente levando em conta o momento delicado pelo qual passamos durante a pandemia e pensando que muitos pequenos estão voltando ou voltarão às escolas eventualmente para reencontrar e fazer novos amigos.

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