Quando, finalmente, a casca do ovo se rompe, nasce o Universo, um passarinho. De olhos curiosos e bem negros, logo fica em pé, pronto para abrir as asas e sair voando pelos ares. Animado, a pequena ave nem percebe quanto tempo se passou em seus passeios, enquanto criava cores, formas e mundos, até que começou a se sentir cansado e acaba caindo no buraco negro infinito do sono. Porém, uma luz brilhante — a mais brilhante que já se viu — retira o Universo de lá: é a luz do leitor, que o passarinho decide acompanhar por toda a vida.
Através da pluralidade de sentidos que Vana Campos desenvolve essa poética narrativa. No nível da metáfora, para leitores adultos, quantas vezes ao longo da vida, precisamos romper as cascas que nos envolvem para poder alçar voos ainda mais altos? Em quantas situações nos damos conta de que estamos em um espaço limitado para tudo aquilo que podemos sonhar, ser e viver? São reflexões como estas que a narrativa nos convida a fazer. Semelhante ao clima dos mitos, ao nomear o pássaro de Universo, a escritora sugere que cada um de nós carrega uma explosão cheia de beleza e complexidades.
Temos, por fim, as lindas ilustrações e o projeto gráfico de Vanina Starkoff. Diferente do formato convencional do livro, temos uma grande folha dobrada que se abre em um belíssimo pôster frente e verso, entregando uma explosão de cores e formas que são parte constitutiva do texto, representando ainda a diferença de tamanho e perspectiva do pequeno passarinho diante do imenso universo.