Dioneae muscipula é uma planta que tem gente que ainda duvida que existe... Contudo, podemos imaginar o som desse quequequé da mandíbula da mais famosa carnívora da família das droseráceas! Sonho de consumo de muita criança — e marmanjos também... A plantinha dessa lengalenga narrativa nasceu num dia ensolarado, comeu o sol e não se satisfez. Dizem que as plantas gostam de luz, mas luz mesmo não mata a fome de uma famigerada faminta.
Conte lá uma lagarta, uma borboleta, uma aranha, um lagarto. Tudo isso é normal para uma planta carnívora devorar e crescer. No entanto, aí entra a ficção: a fome também cresce. E a dioneia danada comerá depois um coelho, um ginasta, um urso equilibrista... das coisas concretas às mais abstratas — ou seriam insensatas, coisas que não habitam esse mundo: ou estão nos livros, na imaginação ou em outra dimensão. Fato é que devemos perguntar o que acontecerá depois... Qual o pior inimigo de uma planta carnívora?
Brincando com imagens e ideias num só acúmulo para devorar e fazer a gente também crescer, Renato Moriconi obtém efeitos inusitados da soma e do trocadilho.