Com o avanço da Segunda Guerra Civil Sudanesa, em 1985, Salva se torna um refugiado, deixando para trás sua casa e sua família. Aos 11 anos, ele compreende ser um fardo para os agrupamentos por onde passa. Sua jornada torna-se longa e permeada pela fome, a ameaça de animais, uma natureza rigidamente árida e os conflitos entre povos rivais, tudo isso com a angústia de não saber seu destino final e se, algum dia, voltará a ver os pais.
Paralelamente, na trama, temos vislumbres de uma história mais recente, mas igualmente desafiadora. Em 2008, Nya e sua família enfrentam as secas do Sudão e são obrigados a se deslocar. Mesmo na estação das chuvas, a menina precisa fazer uma caminhada de oito horas diárias até a lagoa mais próxima para garantir água à sua família. Um dia, porém, homens chegam à aldeia com planos de encontrar água dentro do mesmo território em que vivem.
Trata-se de um romance dilacerante, baseado em uma história real, que aborda os sofrimentos que as guerras impõem ao longo das décadas e as consequências para os povos impactados. Além disso, esta obra apresenta ao leitor brasileiro elementos da cultura e da história sudanesa.