Princesas, rainhas, reis, fadas, unicórnios e gnomos. O mundo construído pela escritora Marina Colasanti nesta obra é repleto de personagens tradicionais dos contos de fadas que nós, tanto quanto as crianças, amamos. Porém, não se engane: por baixo da camada de fantasia, encontramos muito do que existe em nosso mundo real, por vezes, tão duro.
Os dez contos que preenchem estas páginas falam do tempo, do amor e da morte, da juventude e do envelhecimento, dos sonhos guardados, perdidos, esquecidos. Se, por um lado, as crianças ainda têm o poder para se encantar e achar divertido esse lugar simbólico dos contos, porque entramos por torres, castelos, bosques e reinos, os adultos poderão sentir um nó apertar na garganta, pois é impossível escapar das reflexões sobre o que fizemos e faremos com nossa própria vida.
As narrativas são bastante curtas; as ilustrações, da própria Marina Colasanti, são gravuras impressas a partir de uma matriz em metal, uma técnica chamada calcografia, conhecida desde a renascença, que nos remete diretamente ao mundo imaginário dos contos de fadas europeus, e ocupam apenas uma ou outra página. Contudo, a poesia e a profundidade das palavras, marcas inconfundíveis da autora, estão presentes em todos os cantos, da frase ao entalhe, e não nos deixam passar em vão. Este é um livro para reler em diferentes fases da vida, sozinhos ou junto com as crianças, tendo a certeza de que suas linhas abrem caminho para aprendermos cada vez mais sobre nós mesmos e sobre aquilo que não sabemos dizer.