Sozinha em seu quarto tão cheio, cheinho de brinquedos, Emma se pôs a chorar... E suas lágrimas foram tantas, muitas, tamanhas, abundantes que subiu até o nível da janela e caiu do segundo pavimento do prédio, pela rua, pela cidade, chegando até o mar. O mundo todo virou água. Se as pessoas não gostaram, o que é normal nas pessoas, os monstros que habitam o fundo dos oceanos, claro, amaram!
A história começa assim: magicamente, um conto fantástico cheio de imagens que vamos lendo em paralelo à narração verbal. Tudo estaria muito bem, no entanto, a tristeza de Emma não tem fim e estraga a festa dos monstros que passam a bola, ou melhor, a menina para as mãos dos piratas. Afinal, eles são cruéis e têm o coração insensível. Mas quê? Nem piratas, nem a marinha naval com canhões de artilharia dão conta do berreiro...
Unindo a figura da hipérbole e um toque de fantasia, a narrativa percorre um tema gerador de conflito a uma parcela das crianças: o sentimento de abandono quando um de seus pais se afasta temporariamente, carreando incertezas e a necessidade de elaborar internamente o sofrimento de sua posse emocional.