O pequeno Tuta é um tatuzinho de jardim que costumava andar com lagartas, comportando-se como uma lagarta, comendo tudo como lagarta, movido pelo imenso desejo de, um dia, se fechar em um casulo e só sair de lá quando, enfim, se tornasse uma borboleta.
O desejo de Tuta era tão intenso que chegava a sentir que tinha asas. Um dia, ele procurou a formiga Fara, que havia sido rainha, mas cansou e decidiu ser apenas uma criatura sábia, uma conselheira rodeada de livros. Tuta acabou descobrindo uma verdadeira amiga que, igual a ele, também queria algo que jamais poderia ter — pelo menos, era isso que ambos achavam.
A prosa de Elias Nasser corre entre frases que exploram diferentes recursos sonoros, como o trocadilho e a aliteração, para terminar, quase sempre, em rimas. O livro traz ilustrações encantadoras de Henrique Coser Moreira e nos fala de identidade, sonhos, desejos e autodescoberta, ao mesmo tempo em que nos transmite ideias sobre amizade, companheirismo, como encontrar compreensão e abrigo naqueles que, muitas vezes, são bem diferentes de nós.
A respeito das ilustrações, não deixe de observar os detalhes, como a variação dos ângulos e planos, que ora se aproximam e ora se afastam dos personagens. O trabalho, bastante premiado, guarda uma jornada tão envolvente e emocionante quanto aquela vivida pelos personagens.