Um pequeno coelho se perde de sua família antes mesmo de abrir os olhos pela primeira vez. Ao acordar, não sabia onde estava e nem quem era. Para descobrir sua identidade, saiu perguntando aos outros bichos. Contudo, nem sempre o outro tem uma visão coerente ou generosa nas respostas, então, o pequeno coelho ouviu muitas sugestões que não condiziam com sua natureza.
Acreditando ser uma raposa, o coelho encontra uma de verdade pelo caminho. Ela pergunta ao filhote se gosta ou não de caçar coelhos e ele percebe, então, que não é uma raposa. Talvez por traquinagem, a raposa embaralha tudo: diz ao elefante que ele é um coelho e ao coelho que é um elefante, possivelmente com um claro objetivo em sua cabeça: escapar do seu caçador, e não afugentar sua caça.
É confrontando e sendo confrontado a todo instante que o personagem descobre tudo aquilo que ele não é. O processo de autoconhecimento é uma jornada de questionamentos que nem sempre levam a uma resposta direta. Porém, às vezes a pergunta é capaz de elucidar tanto quanto uma resposta. A história de Jean-Claude Alphen promove reflexões sobre o que forma uma identidade. Será a nossa origem? Nossa natureza? Nossos gostos? Ou um pouco disso tudo além de outras influências?
Como vivemos em uma sociedade que elabora sistemas de categorização para compreender as realidades que construímos, é necessário pensar sobre o que constitui cada ser no intuito de poder se autoconhecer e definir-se perante os outros. O que caracteriza um coelho? O personagem precisará observar suas características físicas, tendências e vocações pessoais e compará-las com os demais seres para saber quem é e qual lugar ocupa no mundo.