Há uma forte presença do protagonismo feminino nos oito contos apresentados neste livro, escritos unicamente por mulheres entre os séculos XVII e XIX. São realmente oito (um conto a mais do que promete o título da coletânea) e, nessas histórias, as mulheres enfrentam os desafios por si mesmas ou ainda que recebendo alguma ajuda, não se tormam personagens passivas e apáticas. Com traços de heroísmo, elas têm um papel importante em suas próprias trajetórias.
Em um das narrativas, a princesa Úrsula escolhe viver de forma livre longe de seu reino, com a ajuda de uma fada madrinha; no entanto, ao retornar, encara uma realeza que prefere ouvir dela apenas "sim" e "por favor", sem expressão de sentimentos e opinião. Já Molly, filha de um fazendeiro pobre, precisa de engenhosidade para dobrar um ogro que queria se casar com ela. Esperta, a jovem articula situações para fazer o noivo desistir do casamento. São histórias como essas que são contadas nesta coletânea.
As escritoras e seus contos ficaram esquecidos com o tempo e a pesquisadora Susana Ventura traduziu e adaptou as histórias para que pudessem ser mais conhecidas e para que outros modelos de mulheres fortes e capazes de solucionar as situações pudessem ser apresentadas às crianças. Uma informação histórica importante é o fato de uma das autoras dos contos, a Baronesa e Condessa d'Aulnoy, ter sido a responsável por cunhar o termo "contos de fadas" para esse estilo de narrativa. Para as ilustrações do livro, foram convidadas diferentes artistas brasileiras.