Quando uma criança olha e manuseia um objeto, sua imaginação dá a ele muitas outras funções distintas daquelas a que o objeto fora inicialmente destinado. É assim que colheres viram baquetas, caixinhas viram camas para bonecas, lençóis viram cabanas e por aí vai. Não existem as amarras impostas pelo conhecimento, nem a categorização do mundo que nós, adultos, fazemos.
O livro de Lulu Lima, com ilustrações de Amma, representa bem o cotidiano visto por um bebê enquanto vai explorando as possibilidades do ambiente ao seu redor. Mais do que isso, as cenas mostram que os adultos cuidadores desse bebê embarcam nessa mesma aventura, junto com o pequeno, enfrentando o desafio de olhar o mundo pela milésima vez, mas enxergá-lo como se fosse a primeira.
As duas autoras trouxeram, para as páginas do livro, uma família negra como protagonista. Afinal, representatividade não precisa estar relacionada apenas às histórias que falam, especificamente, da negritude, mas também através de narrativas comuns que falam de sentimentos, cotidiano e descobertas.