Na primavera, quando chega a hora da reprodução, a senhora Cavalo-Marinho pede ajuda ao marido. Ela torce-retorce e deposita uma quantidade imensa de óvulos na bolsa incubadora do senhor Cavalo-Marinho. Assim segue a vida do casal — tão pequeninos e multicoloridos os dois. No entanto, eles não são a única espécie do oceano que revela esse hábito familiar de o papai ficar responsável pelos ovos de seus filhotes.
O hipocampo parece uma figura mitológica bastante original, mas é um peixe. Neste livro ilustrado de Eric Carle, enquanto o senhor Cavalo-Marinho vai passeando pelas águas, vemos claramente que um texto informativo e enumerativo não prescinde de uma dimensão criativa e afetiva ao buscar alcançar seus leitores. Encontramos o esgana-gata que fica com o ventre vermelho na época da reprodução, constrói um ninho e cuida dos ovos não deixando ninguém mais se aproximar. Também o macho da tilápia permanece uma temporada de incubação com a boca cheia de ovos. Já a estratégia do kurtus ou cabeçudo-indiano é carregar a porção de ovas grudadas em sua cabeça. O peixe-cachimbo e o bagre também são pais muito atentos...
Como a vida no mar não é só paz e família, este pequeno livro traz alternadamente os perigos à paternidade marinha. Tem peixe escondido entre caniços, no emaranhado dos corais, atrás de pedras e folhagens. De modo a camuflar outras espécies de peixe, Eric Carle então fez uso da impressão em acetato, colado no interior de uma moldura do cartonado, provocando uma sensação de simultaneidade entre dois espaços, o que se vê e o que se esconde atrás das instáveis paisagens por onde vai o senhor Cavalo-Marinho.