O livro de Carol Fernandes é uma metáfora a respeito da vida e como nos comportamos no mundo. A artista escolheu apresentar nuances desta existência por meio das coisas que muitas vezes costumamos esconder debaixo do tapete: nossos medos, as desordens, os escombros...
“Não importa!
Se eu fosse uma casa,
eu te convidaria a entrar
e reparar minha bagunça.”
Como uma criança que se joga na grama do quintal e fica a pensar como seria se fosse uma casa, o eu-lírico passeia pelos detalhes de uma morada, viajando pelo possível e pelo imaginário. O convite para o leitor está feito: olhar dentro de si, suas memórias e desejos, visitando o não vivido, os cômodos e os incômodos, as nuances desconhecidas. E como seria seu som, se acaso você fosse uma casa? Momento de brincar com a criança interna e imitar barulhinhos e barulhões.
As páginas se passam e cada ilustração, entrelaçada às palavras, é um chamamento a leituras diversas. Carol Fernandes utilizou a aguada de nanquim e aquarela, deixando o cinza e o escuro predominarem porque desejava mostrar uma casa úmida, mas surpreendendo com um desfecho colorido e gigante.