O medo é algo aprendido. Crianças pequeninas, geralmente, não têm receio de, por exemplo, andar no escuro ou abrir a porta do armário. O medo é uma construção subjetiva que varia para cada criança, resultado das palavras recebidas dos adultos que lançam "volta, neném, o bicho vai te pegar!" ou mesmo de situações diversas do cotidiano, episódios de desenhos animados, histórias contadas.
Pois bem, neste livro, o protagonista parece zombar de um antigo medo: "Se eu abrir esta porta agora... um monstro terrível pode estar me esperando do outro lado", e cita outras criaturas assustadoras com familiaridade, como se fossem seus velhos conhecidos. Vampiro, Lobo, Saci permeiam o seu imaginário, no entanto, não o assustam mais. O menino já sabe que por trás da porta do armário há o que ele imaginar e, inclusive, pode encontrar um certo brincalhão pronto para se divertir.
É um livro-objeto, num formato sanfonado, que remete a portas diversas, como se ao abrir cada uma delas, existisse um mundo de possibilidades. De um lado, o autor retratou personagens que comumente perpassam pelo imaginário das crianças. Do outro, as portas revelam gaiatices do menino e a alternativa enriquecedora do encontro com um amigo.