Contos acumulativos e parlendas têm em comum a estrutura da lengalenga, isto é, uma repetição de elementos, seja nome de bichos, gente e objetos, que vai brincando com a memória das crianças e outros ouvintes para tecer uma rede de intrigas e continuidade. É o que acontece na história da Dona Baratinha que encontrou um tostão e procura um noivo ideal para casar ou no brinquedo falado do Cadê o toicinho que ‘tava aqui? que sempre acaba em cócegas e risadas.
Juntando essas duas inspirações e outros ingredientes, a autora Salizete Freire Soares fez um texto que une a tradição galaico-portuguesa com a oralidade brasil-nordestina, neste reconto que passa da boca aos ouvidos para a letra e para um livro ilustrado com imagens mixadas digitalmente por Maurício Negro, evocando o mundo da xilogravura.
O diz-que-me-diz coloca a antiga história de trás para a frente e os novos personagens vão entrando nas páginas: a Árvore que arranca suas folhas, um Pássaro que se despena, o Capim que seca, o Boi de chifres quebrados, uma Fonte que evapora e finalmente a Moça de perna curta e cabelo grande que vai dar um jeito do conto dar a volta e continuar a ser contado!