Um país em que os governantes trabalham para benefício próprio, dificultando a vida da população... Estamos falando de Ratolândia, onde a eleição acontece a cada cinco anos, mas, por alguma razão, os líderes eram sempre gatos, ora brancos ora pretos, e a vida dos moradores nunca mudava, nem melhorava. Chegaram até a votar em gatos malhados, que falavam como ratos... contudo comiam como gatos! Em uma situação já insustentável, uma ratinha teve a ideia de os ratos passarem a se governar. Infelizmente, encontrou forte resistência, a ponto de ser presa pela sua posição. A ratinha ficou presa, só que sua ideia se espalhou.
Junto com a função artística, a literatura pode trazer reflexões sobre a realidade. Essa narrativa retrata aquele que tem o poder e o dever de liderar, porém usa o cargo para outros fins; também mostra a força dos indivíduos, quando se unem, e apresenta uma eleição democrática, em que o povo faz uso de seu verdadeiro o poder a partir do voto. A história também evidencia a alternância de governos, em que os únicos eleitos são gatos brancos ou pretos, como se fossem as únicas opções. Resta-nos questionar o motivo de os ratos não votarem em outros representantes, se isto seria um indicativo do medo de mudanças.
Nesta fábula, há algumas simbologias relevantes que são realçadas pelas ilustrações, como os governantes serem apresentados como predadores e viverem de uma forma luxuosa e o povo representado como as presas que se escondem e tentam sobreviver em espaços subterrâneos. As imagens transmitem um clima um pouco sombrio a partir da predominância de preto, cinza e vermelho, afora o semblante maligno dos gatos. O livro é inspirado na famosa fábula Mouseland, inicialmente contada por Clarence Gillis e mais tarde popularizada por Tommy Douglas, ambos políticos canadenses.