Olhos assustados, olhos coruscantes, bico reto ou curvo, sorriso de felino ou boca de monstro, orelhas e sobrancelhas, tudo isso junto e misturado, separado ou combinado, fazem a graça deste livro multicolorido para crianças bem pequenas. Na sequência de páginas, vemos rostos animalescos desenhados dentro de uma forma fixa, ao modo de máscara, e, abaixo desses desenhos, onomatopeias que se propõem criar as vozes desses bichos que existem ou foram imaginados pelo autor.
Aparentemente, tudo é muito simples.
Que bicho doido!, de Enéas Guerra, é uma espécie de livro-jogo e também pode ser chamado de imagiário, a fim de entreter os pequenos leitores ao oferecer inicialmente uma atividade de reconhecer figuras e sons, introduzindo a criança no mundo da cultura letrada a partir do que é mais característicos entre todos os seres da natureza: o grito, o berro, o gemido, o piu, a fala pressuposta, o canto. Contudo, muitas outras áreas podem ser acionadas: ao brincarem de fazer caretas ou imitar as várias vozes, pais e filhos virão a estabelecer uma relação afetiva e lúdica de maior proximidade, entrar no jogo do faz de conta, espantar medos, criar percepções sobre bichos reais e suas diferentes formas de representação gráfica.
Ao remeter ao uso da máscara, a participação da criança em outras atividades culturais é alimentada com expressão, desejo, movimento e liberdade.