A primeira página dupla do livro apresenta duas famílias: a que está de saída para um passeio de férias e outra, percebida pelos olhos mais atentos. Com a habilidade da autora e a autorização do leitor, prepare-se para testemunhar peripécias inimagináveis que emocionam e fazem rir.
Conjecture uma família inteira saltando de um tempo passado, descolada do porta-retratos, a brincar pela casa, se aventurando e se surpreendendo com os objetos do tempo presente. E então, os patins podem se transformar em carro de corrida, a cereja em uma bola de vôlei, a esponja de lavar louça em barco e a colher de pau em remo. E não para por aí: imagine a família inteira curtindo a sauna dentro de um forno – seria um micro-ondas? E dormindo numa cama nada convencional! De fato, esta família sabe pôr em prática aquela máxima de que nas férias se foge da rotina, dribla-se o ordinário com reinvenções.
É possível se demorar em cada página, pois o jogo de imagens proposto é rico de interpretações. As personagens em preto e branco, acompanhadas de um cãozinho divertido, apresentam características incomuns para o ano atual e ainda fazem trocas de roupas que remetem ao início do século XX europeu. Uma viagem no tempo que por si só já é uma bela parada de férias.
Todas as cenas seguem evocando uma permissão para a fuga do real. Um livro que só faz sentido para quem abre alas ao brincar, à fantasia. Uma missão principalmente aos adultos, que precisam passar a chave da porta do possível. Ainda que se pense: mas é só uma história!