Mario tem os joelhos e os cotovelos avermelhados de infância. Tem o cadarço do tênis desfeito de nó. E tem uma pergunta para a sua mãe: por que choramos? A resposta (que se desdobra em várias) se apresenta nas páginas duplas que compõem o livro, na composição que pede um álbum ilustrado: palavras e imagens casadíssimas. Bela produção dos artistas Fran Pintadera e Ana Sender.
A mãe do garoto diz que choramos porque às vezes a tristeza é tão grande que não cabe no corpo. Na ilustração, a mãe volta no tempo e é novamente a menina que chora, e, emana pássaros negros de sua trança. Outras vezes, choramos porque estamos cheios de raiva e descarregamos em lágrimas como uma grande chuva. E a menina-nuvem parece mesmo que vai explodir!
Choramos quando não entendemos o mundo, choramos por respostas. Ou quando há muita solidão. Chorar é para quem cresce e segue sentindo tudo, ao contrário das pedras. Algumas pessoas choram os seus silêncios e isso pode ser por tantas razões: medo, vergonha, censura, violência. Choramos tomados por uma alegria, uma emoção, um sentimento. A mãe diz: choramos porque sentimos vontade de chorar. E o filho, aliviado, sabe que esse é o caminho natural: o do sentir.