Apesar da atividade pirata ser pressentida e bem descrita desde tempos muito afastados, dentre os fenícios e antigos navegadores da Magna Grécia, pilhando navios e fazendo vítimas entre mares e praias, o gênero literário relativo ao comércio e crimes marítimos viria a surgir após a Época Dourada da Pirataria dos séculos XVI e XVIII. Transformando em libertários heróis românticos aqueles homens que não obedeciam leis fixas de qualquer governante, as novelas de aventura, no estilo capa e espada, parecem vir à tona a partir de um livro informativo e investigativo de Daniel Defoe, o autor do Robinson Crusoé que escreveu, nos anos 1724 a 1728, uma história dos piratas. Remotamente, a literatura brasileira nunca se importou com esses personagens de moralidade ambígua que viriam a se tornar figuras de uma literatura juvenil de maneira tardia.
Neste novo horizonte ou contexto de leitura, a novela de pirataria de Samir Machado vem mesclar fatos de ficção e uma revisão de nossa história pouco explorada. Na época de Dom João V, o Brasil colonial pertencia à coroa portuguesa e muito ouro de nossa terra atravessava o Atlântico rumo à Europa. Os navios, obviamente, chamavam a atenção de dedicados piratas sem bandeira e corsários de outras pátrias, como Jean-François Duclerc a quem não só interessa a riqueza sobre as águas, como também possuir o mapa das terras do Rio de Janeiro revelando o caminho para tomar de assalto a Casa da Moeda.
Nessa trama envolta em calor, zunido e ferrão de insetos, tesouros escondidos, bandeirantes e emboabas, crenças populares e o incessante fogo de pequenas artilharia, três jovens amigos – Jorge, André e Leonor – tudo fazem para salvar a pátria do perigo! Desta forma, encontramos, a novela de piratas ocupando-se de recapitular a história brasileira, nos episódios políticos e sociais que permanecem ainda desconhecidos de nossas vistas.