Nesta belíssima prosa poética, Bartolomeu Campos de Queirós traz uma espécie de manual para quem deseja criar passarinhos. Esses passarinhos, no entanto, podem ser várias coisas, desde as mais efêmeras, como uma ideia, um momento de quietude, um desejo, até as mais perenes, como o nosso amor pelos filhos. Pois, você sabe, as coisas mais bonitas que temos em nossas vidas não são coisas. São momentos, sentimentos, experiências, lembranças. As memórias. A confiança de que o sol vai nascer no dia seguinte, mesmo que agora tudo o que vemos seja escuridão e tudo o que ouvimos pareça silencioso.
Ao passar as páginas, o tecido poético do autor mineiro espera pacientemente pela nossa investigação. Algo que precisamos nutrir é a paciência, em forma de calma, na intenção de atravessar este livro ao mesmo tempo em que ele nos atravessa. Não se deixe levar pela pressa de chegar ao final de uma página, de outra e mais outra... Vá com calma. Cultive em você os voos necessários para compreender as palavras do autor e, enfim, o significado que cada uma terá para você. A pressa aqui possui o mesmo efeito que um movimento brusco para capturar um passarinho.
É difícil ser resoluto, quando se trata de poesia que traz, para cada leitor, emoções e interpretações diferentes. Contudo, uma coisa é certa: Bartolomeu Campos de Queirós nos convida, com doçura, a sentar, tomar um café e apreciar a vista, enquanto nos dilata a alma e expõe o que há de mais belo, puro e triste dentro de nós.