Otto é um menino comum que, aos cinco anos, presencia pela primeira vez uma discussão entre seus pais. Enquanto o pai argumenta que Hitler é a única esperança para que a Alemanha se recupere da severa onda de desemprego e crise econômica que assola o mundo, sua mãe, grávida, se recusa a concordar e garante que não votará nele. No entanto, aqueles que pensavam como ela não formaram a maioria.
Após as eleições que levaram o Führer ao poder, algumas mudanças aconteceram rapidamente, como a abertura do campo de concentração em Dachau, onde 200 mil pessoas foram aprisionadas, incluindo homossexuais, ciganos, judeus, pessoas com deficiência e prisioneiros políticos.
Outras mudanças, como a destruição de um parque para dar lugar a uma estrada e o recolhimento e queima de livros que desafiavam o "espírito puro" da Alemanha emergente, evidenciaram o estrangulamento gradual da democracia e das liberdades individuais.
A obra de Didier Daeninckx, com ilustrações de Pef, traz uma reflexão crucial sobre como os maiores absurdos da humanidade não acontecem da noite para o dia. Em tempos de expansão e fortalecimento da extrema direita ao redor do mundo, o texto pungente retrata uma realidade perigosamente familiar.
Vale destacar que, além da narrativa, o texto traz também fotos e notas de rodapé que contextualizam e documentam o ocorrido, abrindo as portas para diálogos fundamentais com as crianças sobre intolerância, tirania, e a diferença entre fato e opinião.