O premiado escritor Ignácio de Loyola Brandão revira o baú da memória para contar uma passagem de sua infância e pedir perdão ao avô já falecido, confirmando que escrever também é uma forma de falar. Durante as férias, a casa de José Maria e vovó Branca ficava repleta de netos, brincadeiras e invencionices. Férias no interior! Férias na casa de um avô carpinteiro que adorava fazer brinquedos para as crianças, de um avô que também mantinha um segredo: pequenas bolas (de gude?) guardadas numa caixa vermelha. Ninguém poderia pegá-las, e isto era uma lei. Um dia, no entanto, elas desapareceram da caixa...
O avô adoece de tristeza e as crianças só desejam saber o motivo de tamanho apego por aquelas bolinhas de vidro. Um dos netos, em especial, o narrador desta história, quer compreender tudo e principalmente encontrar uma maneira de consertar seu erro e repor as bolinhas na caixa.
É tia Margarida quem revela toda a história do Circo de Cavalinhos de Pau do José Maria, uma ideia considerada inicialmente absurda, mas trouxe sorriso às crianças e fez muitos adultos embarcarem na fantasia com o brinquedo instalado no centro da vila. Tornou-se um verdadeiro carrossel de emoções, porém ameaçado por olhos invejosos ou inconsequentes. E, na caixa vermelha, restou, por toda uma vida, a lembrança do tempo em que mais pulsou o coração daquele homem. Todo o brilho e também os desencantos da vida estavam materializados naquelas bolinhas de vidro. Quem as tivesse pego deveria ser responsabilizado e punido pela perda da alegria do avô?
A prosa de Loyola Brandão é acompanhada pelas ilustrações de Alexandre Rampazo. Bem, é ler para se aventurar também e construir as próprias respostas. Sentir saudade de vô e de vó, ou de alguém que te olhou nos olhos e te abraçou com ternura.