Se por acaso sua criança falar "Vamos ler três livros de uma só vez!", não se assuste, nem olhe para o relógio com desespero. É tempo de ler um livro que vale mesmo por três e que convida à apreciação, ao manuseio sem pressa.
Patricia Auerbach e Roberta Asse constroem uma escadinha de histórias para relatar o cotidiano de 1, 2, 3 irmãos. Cada uma delas está grampeada à parte, sinalizando do menor para o maior em tamanho e idade, bem como, circunscrevendo a individualidade de cada um, apontando sentimentos e experiências particulares.
A leitura pode começar por qualquer um dos três, afinal as narrativas dialogam, mas possuem acessos independentes. No quadrado inferior, temos Ocaçula, cheio de paparicos e com séria dificuldade em trazer alguma novidade para casa. Seus irmãos já estrearam tantas emoções... roupa nova? Bem, não é algo a que o caçula tenha acesso. E apesar de ter a rotina mais cansativa, é o primeiro a acordar. A família que lute!
No ponto oposto, está Omaisvelho. Este sim, é o senhor das novidades. O primeiro filho é tudo espanto (leia-se coisa boa e coisa difícil), convenhamos. Imagine os primeiros passos do menino? É flash para todo lado. Há fotos e trabalhos escolares emoldurados pela casa. Mas, ó, com a chegada do irmão, ele agora é grande e já pode ajudar com os cuidados como o bebê e com a casa. Vixe! O tempo de brincar ficou apertaaaaado.
E então, no centro, há Odomeio. Que sortudo! Há sempre alguém disponível para brincar. E como uma linha, aprende com seu irmão mais velho e transmite o saber ao mais novo. Às vezes, parece meio deslocado, pois é ainda pequeno para certas aventuras com Omaisvelho, e já grandalhão para outras com Ocaçula.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, qualquer posição em uma família tem “a dor e a delícia”, como simplesmente é a existência. Transformar cada desconforto ou dúvida em diálogo e brincadeiras, é uma boa estratégia. Famílias com vários filhos podem se identificar com esses personagens. Famílias menores, ou mesmo com criança única, têm aqui um instrumento para a imaginação. Quem quer ter um irmão? Ops! Falar e sair correndo...