No cotidiano de um bairro, dois galos vivem em uma oficina mecânica e contam com a proteção dos empregados. Passeiam pelas ruas, ciscam, escapam de atropelos em cenas sincronizadas. Quando chega o pôr do sol, pulam pelos carros em busca de um galho do pé de manga, onde repousam lado a lado, até o anúncio do dia seguinte.
Faziam absolutamente tudo, juntos.
A partir da capa em tons melancólicos, já é possível supor que se trata de uma história tristonha. Pois, certo dia, apenas um galo canta e todos no bairro procuram pelo irmão desaparecido. O que terá acontecido? Cabe ao leitor dar nome ao que sente o galo solitário e também ao final desta história.
Tão importante quanto dar espaço para os nomes mais recentes da literatura e dos livros para crianças, é resgatar o talento daqueles que deixaram seus olhares registrados, como no caso da escrita do jornalista e escritor mineiro Wander Piroli, falecido em 2006. Em seus contos dedicados ao público adulto ou nos textos para crianças e jovens, Piroli compartilha conosco o que lhe atravessa no cotidiano da cidade de Belo Horizonte. Eis então uma excelente oportunidade para ampliarmos a nossa forma de ler e compreender o nosso país. Já as ilustrações são de Odilon Moraes, que empresta o seu traço para ressaltar a memória de um lugar e a dor de uma perda.