Se eu pedisse para você pensar em um indígena, como será que você imaginaria? Posso tentar adivinhar: alguém com um cocar, segurando uma lança ou um arco e flecha, com poucas roupas e o corpo coberto por pinturas, usando adereços nas orelhas e nos lábios. Mais ou menos isso?
Não é que essa imagem esteja totalmente equivocada, mas ela é imprecisa. Os povos originários do Brasil são muitos e múltiplos, de modo que não podemos entendê-los como uma representação só. Por isso, que tal conhecer algumas de suas histórias, contadas por mulheres que fazem parte desses povos?
A obra organizada por Mauricio Negro e Trudruá Dorrico é uma antologia feminina de literatura indígena. Nela, estão reunidos contos tradicionais, escritos somente por mulheres, trazendo um ponto de vista particular, e fazendo convergir as cosmovisões indígenas com a condição da mulher na sociedade.
As ilustrações também foram feitas por Mauricio Negro, pontuando a passagem e entrada dos contos que falam das origens dos deuses, de seres fantásticos, de escolhas para além do óbvio, e muito mais. Trata-se, enfim, de um livro excepcional que colabora para que a população não-indígena compreenda, respeite e apoie a preservação das tradições desses povos, ao mesmo tempo em que as narrativas nos convidam firmemente para nos juntarmos a eles na luta por uma relação mais saudável, equilibrada e justa com o planeta.