Alexandre Rampazo inicia a narrativa com uma imagem que despertará o olhar da leitora adulta: em posição fetal, um astronauta flutua pelo espaço, preso a um cabo de segurança. Ao virar a página, a comunicação com a nave-mãe se rompe e a personagem prosegue sozinha, mas não tão sozinha assim...
Apontando caminhos à astronauta, ouvimos a voz de alguém que acompanha essa jornada e, mesmo distante, sabe comungar do mistério que é a vida, alertando sobre os diferentes tipos de gente. É alguém que já floresceu, conhece um pouco mais sobre a vida, uma astronauta amorosa, suficiente boa, ciente de que não se tem controle sobre as escolhas feitas pelo outro, ainda que seja parte de si como uma filha.
Com este livro, a experiência de leitura compartilhada entre adultos e crianças poderá trazer surpresas e novos olhares sobre o que se apresenta em palavras e em imagens. A prosa poética e ambígua é um convite às histórias de família, à revelação do não-dito, a reconstrução de algo rompido. Por meio de uma bonita metáfora, Rampazo toca em questões inerentes à existência humana. Dificilmente se sai ileso das páginas de Orbitar.
Aos pais e mães de plantão, é interessante também realizar essa leitura em silêncio, num cantinho de casa, sozinhos, sentindo as emoções que o livro pode despertar, seja por lembranças remotas, sonhos não vividos ou pela espera de um certo alguém.