Um sapo, feliz da vida com sua vida de pular e comer por aí, manda para o bucho o estoque de insetinhos mágicos de uma bruxa. Danada da vida, ela lança sobre ele a clássica praga de transformá-lo em príncipe quando for beijado por uma garota. Mas, eca! Para esse sapo, garotas são nojentas. Ele não quer ser príncipe coisa nenhuma. Sua vida vai muito bem, obrigado!
No entanto, do outro lado dessa história, havia uma moça que não queria saber de casamento... Apenas seus pais queriam porque queriam que ela se casasse com um desses príncipes encantados de contos de fadas. Aí, coitada, ela foi justamente pegar um pouco de sol na beira de uma lagoa e… O resto é história!
As invenções divertidíssimas de José Rezende Jr. são uma ótima oportunidade de conversar com as crianças e também jovens leitores sobre sonhos e expectativas, tão comumente impostos sobre todos nós desde que nascemos em função do gênero. Além de mostrar que nem todo sapo quer ser príncipe, por mais que isso seja atraente para alguns, e que muitas meninas não estão nem aí para casamentos, ainda que não haja nada de errado com quem deseja isso para si, o livro fala de maneira leve sobre estereótipos de gênero e papéis impostos a nós pela sociedade. Também é uma boa ocasião para mostrar como homens têm total capacidade e jeito para cuidar de crianças, podem ser sensíveis e chorar, ao mesmo tempo como meninas poderão ser corajosas, ousadas e gostar de aventuras radicais.
As ilustrações em colagem de Catarina Bessell trazem surpresa e diversão para as páginas, incluindo personalidades relevantes, como Freud, e fazem referência a um livro de Elena Ferrante. Boa indicação de leitura do Clube Quindim para rir e refletir sobre os perigos de abrir mão dos nossos sonhos em função daquilo que esperam de nós.