Faça chuva ou faça sol, o rei e a rainha despertavam com muito mal-humor. Chegavam a disputar quem teria uma existência mais horripilante, quem dormia pior, que dor doía mais, viviam trocando insultos e xingamentos. Quando surgiam problemas de verdade, como no dia que faltou água por conta de algo a resolver nos encanamentos, eles se trancavam no banheiro pra chorar. O clima pesava no palácio, quem poderia trabalhar feliz?
Eis que um dia um rapaz chegou à cidade com sua viola enfeitada com fitas coloridas, a fim de se apresentar para o povo. Mas precisava da autorização real. Claro que... não! O forasteiro não foi apenas proibido de tocar, acabou preso por ser artista – e, neste momento, as páginas do livro escurecem e só voltam a clarear quando a princesa tem uma ideia e faz o som de uma caixinha de música chegar a todo o palácio. Como ela fez isso? Digamos que a mocinha também era bem colorida e tinha lá seus truques.
O fato é que o som era contagiante: nem o rei nem a rainha escaparam à magia da arte! Entre uma cena e outra, o narrador conversa com o leitor jogando suposições à mesa, provocando outras ideias sobre o enredo, aguçando a curiosidade de quem lê. Um artifício interessante para conduzir a leitura de crianças. O reconto de Rosana Rios é acompanhado por desenhos e colagens de Catarina Bessell que conferem muita expressividade às personagens e movimento às cenas.