Todos nós já sobrevivemos àqueles dias de calor quente de rachar a cuca. Imagina então sendo você um Leão, o Rei da Floresta, com uma grande camada de pelo? Deu até uma quentura, né?
Pois bem, nesta história de Bruno Gibert, o Rei gemia de calor embaixo da sua exuberante juba. Remexendo-se, descobriu um zíper e decidiu tirá-la para se refrescar, escondendo-a atrás de um arbusto. Assim, conseguiu dar uma volta, leve e solto, pela floresta. No entanto, o que deveria ser um passeio agradável virou um grande pesadelo. Os animais não o reconheceram como Rei e tão pouco o respeitaram. Todos que encontrava pelo caminho caçoavam e caíam na gargalhada:
Veja! um gatinho de bermuda!
Hihihi, que piada!
E assim, desmoralizado, pois nem rugir conseguiu (saiu um miadinho “grrriauuuu”), ele voltou correndo para recolocar a sua pelagem, porém ela sumiu... O que será dele agora?
Como um reconto às avessas de "A roupa nova do rei", em que um rei veste uma roupa que somente os sábios podem ver, o autor brinca com a imagem que projetamos e os artifícios que usamos para nos apresentar aos outros, garantindo nossa identidade. Será que o leão deixa de ser leão por não usar a sua grande pelagem?
As ilustrações, também de Bruno Gilbert, com traços de giz de cera, reservam um final surpreendente e mostram as reações de nosso rei ao viver essa desventura. Com cores mais quentes na face e na pele a cada nova provocação, em contraponto com as cores já quentes que marcam esse clima de sol escaldante.