Dentro do livro, o Rei de Quase-Tudo vai de lá pra cá com o dedo indicativo duro. Ele tinha exército e muito ouro, queria todas as terras e os exércitos do mundo, queria ouro que os cofres já não chegavam guardar... Porém, continuava um reizinho incompleto! Quis as flores, os frutos e os pássaros, quis também as estrelas e o próprio sol.
Quem disse que tendo flores poderia o rei guardar o perfume? E tendo os frutos todos como prender o sabor? Tendo pássaros, o canto escapava das grades da gaiola, tendo as estrelas e o sol, escapavam-lhe o brilho, a luz, o calor. O rei permanecia o Rei de Quase-Tudo...
Um dos mais importantes livros ilustrados da literatura infantil brasileira, a obra de Eliardo França tem colecionado uma série de prêmios, desde 1972, como a menção honrosa do concurso Paz na Terra, participando de mostras internacionais (Grécia, Eslováquia, Alemanha), o reconhecimento da Unesco como um Livro para um Mundo Melhor e vários selos de “Altamente Recomendável” da FNLIJ até meados da década de 1980. O Rei de Quase-Tudo é um conto acumulativo da família das fábulas e parábolas, trazendo claramente uma moralidade leve e verdadeira sobre o desejo irrefreável de posses que muitas vezes desperta nas crianças, tanto quanto nos soberanos que deixam seus reinos mais pobres e tristes. Quando aprendemos a compartilhar, vivendo o gosto e a beleza pelas coisas imateriais, tudo é uma palavra que denota um sentimento de satisfação.