Será mesmo que o hábito faz o monge, como diz o velho provérbio popular? Nesta fábula ilustrada, cuja moralidade é realmente o riso, vamos conhecer um sapo que um dia encontrou um rabo de gato e foi logo ficando com ele, amarrando-o à cintura. Veio o tatu que logo concluiu que sapo, com rabo de gato, é gato! Mas um gato do mato marrom rajado de preto logo apareceu e o diálogo... ficou enrolado, o batráquio desconfiado. Que animal ele era, quem poderia ser, tendo ele conseguido um rabo listrado?
Com frases com jeito de trava-língua e desenhos que mostram os personagens como dentro de um palco, na maioria das páginas, este pequeno livro ilustrado brasileiro tem uma grande história para contar. Uma história que é a revolução da linguagem gráfica dos livros para crianças, na década de 1980, juntamente a outros títulos da coleção Gato e Rato, destinada originalmente a leitores em processo de aquisição do código escrito. No entanto, não se deixe enganar por uma aparente simplicidade: a narrativa de Mary França está em perfeita sintonia com os desenhos de Eliardo, com extremo ritmo e jogos verbais como a aliteração e a assonância que lidam com as repetições sonoras de consoantes e vogais, em combinações ligeiras, rumorejando humor, de modo a agradar ao ouvido das crianças e ao mesmo tempo força-las à distinção das letras. E no final adivinhe a onomatopeia do sapo coaxando quem ele é... Já as ilustrações bastante sintéticas causam impacto, pelo tamanho dos personagens que surgem na abertura das páginas; também oferecem uma riqueza de recursos estilísticos da imagem: diferentes texturas, listras, hachuras, padrões em bolinhas pretas ou brancas, olhos e bocas, patas e mãozinhas que conversam sem parar cena a cena.