O Pinguim busca uma solução para aquecer os seus pés, ele sente muito frio. Primeiro tenta meias, mas não resolve, depois, um par de botas, que também não soluciona seu problema. O protagonista parece não ter muita sorte e acumula objetos e mais conflitos ao longo da narrativa.
A história é uma sucessão de escolhas equivocadas. Por último, Pinguim viaja para muito longe de sua casa, pensando em encontrar a grande solução para o seu problema na cidade solar do Rio de Janeiro, mas, o que ganha – mais uma vez – é um novo impasse.
Lollo investe gracejo nas imagens desse livro, tornando o personagem atrapalhado e hilário, mesmo quando está bravo.
O pinguim chamado Pinguim que tinha pé frio é uma metáfora sobre a prática do consumismo de jorrar necessidades às pessoas. Muitos de nós, comumente, caímos na armadilha capital de precisar ganhar mais dinheiro para ter acesso ao objeto que promete trazer felicidade, paz e até autoestima. É comum assistirmos ao marketing de empresas que associam seus produtos às faltas da existência humana, que sabemos, não têm fim.
À primeira leitura pode-se pensar que a personagem é uma grande vítima dos acasos, que ele não tem sorte na vida quando, na verdade, ele apenas colhe as consequências de suas escolhas. Não importa o caminho que se tome, haverá perdas e ganhos. Nesta história, o Pinguim não faz uma análise sobre a repetição dos seus atos, não se dá conta de que existe algo a ser reparado. A propósito, ganha-se muito quando há uma certa apropriação dos motivos pelos quais se encaminham nossos desígnios.
E você, o que faria para aquecer os pés do Pinguim?