A narrativa inicia no dia em que a personagem, na companhia de seu pai, consegue pedalar sozinha pela primeira vez: “preparada, filha?” E os passeios de bicicleta seguem pela infância, adolescência e chegam à fase adulta da protagonista, permeados pelo olhar da sempre aprendiz.
É mais confortável seguir pela vida acompanhada, ainda mais com a presença de um pai que guia, desafia, brinca. Um pai que prepara a sua menina para a travessia, mesmo quando as noites são escuras. Acreditar e seguir a jornada é fôlego que se ganha (ou não) ao longo de anos, a protagonista de Pablo Lugones e Alexandre Rampazo soube se abastecer de ar.
As ilustrações se apropriam do silêncio para comunicar e provocar sentimentos no leitor. A presença de uma borboleta entre as páginas, por exemplo, é muito simbólica ao tema do livro. O Passeio pode se desdobrar em muitas outras histórias ao subir e descer pedaladas, ou quando há uma aquarela bonita que remete ao pôr do sol de inverno com céu aberto.