Num vilarejo bem longe do mar, vivia Manu com o estranho desejo de pescar estrelas. Invenção de criança ou teimosia, seu pai não poderia dizer. Apenas tentava dissuadir o menino, pois não valeria nada ter uma vara de pesca numa região completamente árida! Contudo a sorte fez Manu encontrar um vendedor ambulante. Em troca de um prato de comida, deu ele ao menino uma vara automática que nenhum outro homem quis comprar.
Ora, um dia, Manu saiu de casa. Foi buscar sua estrela, foi buscar o mar no fim de sua estrada. No caminho, porém, ele se deparou com um bando de javalis que colocariam sua vida em risco. O menino refugiou-se no alto de um imenso baobá. E depois... o que se passou foi sonho ou fato de verdade, quem poderá afirmar?
A narrativa de Cidinha da Silva retraça os caminhos dos pequenos-grandes heróis que partem do convívio familiar para depois voltarem moralmente mais fortes. É uma maneira de conversar com o passado das histórias. Ainda que introduzindo elementos modernos, como uma vara de pesca com molinete eletrônico, a antiga jornada ali está, como memória e como a capacidade de compreender os animais e ter respeito por toda forma de vida. Numa paisagem de chão ocre, as ilustrações de Josias Marinho retratam inicialmente o menino com olhos de tédio até que ele encontre sua própria luz e destino.