Parte da coleção Estrelinha lançada em 1982, pela editora Ática, com o intuito de estimular e fortalecer a aprendizagem do código escrito, a história de O macaco e a mola conta a peripécia de um curioso símio que cutuca uma mala colorida com estrelas e se surpreende com o objeto dourado que pula lá de dentro... ora encolhendo, ora esticando, a mola vira bola, salta, rola, galopa como um cavalo e o macaco em cima vai suando em bicas!
O texto verbal, apresentado em caixa alta, arrola palavras com sonoridades e grafias próximas, trocando de lugar uma letra, substituindo vogais ou consoantes, criando um jogo de encaixe de sílabas e rebatimento entre novos termos e significados: rebola/robalo (verbo/substantivo), mole/medo (adjetivo/substantivo), parado/pirada (adjetivos), cuca/cutuca/caduca (substantivo/verbo/adjetivo) etc. Também brincando com as classes gramaticais, o rol de palavras cria uma historieta de forma a fornecer um contexto para a criança em processo de aquisição da linguagem escrita. De década de 1980 para cá, a alfabetização tem sido tomada como um estágio do ensino do uso da língua, uma vez que o letramento infantil passou a ser visto como uma vivência maior de âmbito cultural iniciado, algumas vezes, em casa, antes ou paralelamente à escola.
Tudo isso permite reconhecer o pioneirismo de livros como este de Sonia Junqueira em parceria com Alcy, com seu traço caricato, e outros de Mary França com aquarelas de Eliardo, que abriram o caminho para crianças brasileiras rumo à leitura de textos em geral, à leitura literária e consequentemente às leituras de mundo.