É possível questionar o sentido das palavras para um dicionário? Um grande dicionário de capa dura, com mais de duas mil páginas, que andava por toda a casa, exibindo-se no meio de outros livros... Ora, se é justamente nele que estão as respostas para todas e quaisquer dúvidas! Mas, provocado por um livro de literatura, esse dicionário empreenderá uma viagem por estradas de terra, buraco, asfalto, rodovias, etc. a fim de viver o significado de todas as palavras que ele mesmo transportava, sem conhecê-las por experiência própria.
Sol, árvore, luz, mar, andanças, e as sensações extrapolam o que está escrito no dicionário, “Como eu podia imaginar que o mar tinha tanta força e tantas cores!”. Contadores de histórias o fazem silenciar e sentir o queixo cair diante de tamanha beleza que é ouvir uma prosa tão bem narrada! Deu-se conta de que apesar de possuir tantas palavras, não sabia contar história alguma. E foi nessa viagem que o dicionário encontrou uma família que fez cair por terra o que ele compreendia por ensinar e aprender. Pai e mãe, filhos, se divertiam aprendendo!
Para o livro, só foi possível sentir a imensidão das palavras, ao suspender seus próprios conceitos. Descobre que de nada adianta possuir a descrição de verbos e substantivos, se não há espaço para senti-los. E, eu falo ou vocês falam? Que cada vez que se sai de casa: sol, árvore, luz, mar, podem ser sentidos de uma maneira diferente? Que há os imprevistos, os fenômenos da natureza, as discordâncias de opinião. Que o olhar se refaz?