A autora alemã Monika Feth e o ilustrador polonês Antoni Boratyski são os artistas responsáveis por esta obra. Lançada no Brasil pela primeira vez em 1997, retrata com simplicidade e elegância um limpador de placas de rua que ama o seu trabalho e passa o dia inteiro limpando cuidadosamente cada uma até refletirem como raios de sol. Um excelente limpador, o melhor da cidade. Em reconhecimento ao seu exímio trabalho, recebe de seu gerente um rotineiro e caloroso tapinha nas costas: “Parabéns, continue assim!”
Ano após ano, está sempre de prontidão às sete e meia da manhã na Central de Limpeza de Placas de Rua. Percorrendo sempre o mesmo trajeto, inicia cedinho na Praça Carlos Gomes, passando pelas ruas Villa-Lobos, Pixinguinha, Goethe, Drummond e finaliza ao pôr do sol na Praça José de Alencar. Um dia inteiro de trabalho e uma vida entre poetas, escritores e compositores!
Um homem feliz com sua vida e trabalho que não tinha a menor preocupação em mudar absolutamente nada. Mas um dia, ele se depara com a curiosidade e compreende que não sabia coisa nenhuma sobre os nomes que limpava e lustrava todos os dias.
Dedicado, iniciou os estudos para descobrir quem eram aquelas pessoas e novos mundos surgiram. Com lápis e papel em punho, fez uma lista de pesquisa, que grudou na parede, examinou jornais, comprou ingressos, assistiu óperas, concertos, shows, se tornou frequentador assíduo da Biblioteca Municipal. No Natal, se deu de presente uma vitrola e coladinho na árvore ouviu seu primeiro disco.
Seus estudos viraram prosa, poesia, recital, palestras, assobios. Os homens incógnitos que estampavam as placas se tornaram estimados, vivos ou mortos, passaram a ser velhos conhecidos, melhores amigos e companhia diária. Assim um simples limpador de placas, um “pobre simplório”, diria Goethe, começou a chamar atenção, atraiu multidões e se tornou também um grande notável.
Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou.
(João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas)