João Anzanello Carrascoza chega mais perto ainda dos seus leitores ao narrar as memórias de uma bonita relação entre pai e filho. O garoto, durante a semana, ia à escola e ficava em casa com a mãe, que dividia a atenção entre a criança, a casa, o trabalho na Biblioteca Municipal e os calhamaços dos romances que vivia a ler. O pai, motorista de ônibus, era responsável por uma linha em outra cidade, só estava com a família nas folgas – tempo especial para minutos de aprendizagem, pequenas e grandes aventuras.
O narrador faz perpassar por sua memória passeios, lanches, fuga dos bandidos, defesa dos ciganos e até um incrível jogo do Corinthians! São muitos momentos marcantes na companhia de seu pai, que está sempre atento ao que se passa ao seu redor e principalmente, atento às pessoas. Olhando os gestos e feições das pessoas, o pai pode saber o que se passa. E se importa com todas elas, ainda que desconhecidas. O filho tenta aprender a fazer o mesmo. Não é nada simples, mas crê que poderá conseguir.
Eis também um pai que suspende o que compreendemos por certo e errado, como no dia em que decide pular o muro da escola para jogar futebol na quadra. Uma quadra todinha para os dois. A melhor aula de futebol da vida!
Esse pai, um homem que gosta de fazer surpresas para a família, certo dia chega e diz que vai mudar de emprego, e que finalmente estará mais próximo dos seus, dormindo todas as noites em casa. Seria um sonho? O garoto entende que “(...) a felicidade é uma coisa inesperada.”. No entanto, a tristeza também.
São de Nelson Cruz as ilustrações que compõem essa novela. Desenhos que nos remetem mesmo a outro tempo e aguçam o nosso desejo de viajar, ainda que sem sair de casa.