Um avô que nunca saia do quarto, sequer para comer o bolo de chocolate da vovó. Não gosta de barulho, nem das brincadeiras de sua neta. Estranho.
Em uma das visitas aos avós, a garota fica intrigada com a altura de seu avô. Parece ter encolhido, ela diz, provocando um leve sorriso no senhorzinho. Na sequência, o avô não está mais no quarto, e não aparece na casa da vovó. A menina fica sem respostas e aproveita para brincar no quintal à vontade, já que não teria mais ninguém para reclamar.
Texto e imagens se utilizam do tom dramático para encenar a história. A narrativa tem um certo mistério, silêncio, casando com a melancolia que a chuva pode causar em algumas pessoas. Quem fica grata por toda a água que cai é a protagonista, que ganha o guarda-chuva do seu avô como um presente que o traz para perto de si.
Ao apresentar um livro como esse para uma criança, permita os questionamentos, por mais inesperados ou dramáticos que possam parecer. Ouça-a com a atenção que ela merece. Tente não a julgar ou subestimar. Ensaiar perdas, lutos, por meio da literatura, pode enriquecer o repertório infantil, oferecendo importantes ferramentas para quando o real se apresenta.