Em O fim da fila, Marcelo Pimentel se inspira livremente nos signos da cultura indígena brasileira para contar esta história apenas por meio de gravuras, com os animais de nossa fauna formando uma fila que vai evoluindo da capa até a última página do livro: suaçutinga, capivara, jabiru, jabuti, jacaré, cobra-coral-sem-cor, macaco e até o Curupira aparecem.
A evolução da narrativa se dá pelo uso das cores, inicialmente apenas em preto, e aos pouco com a inserção do vermelho, uma cor emocionalmente intensa, ligada ao amor, força e determinação. Essas cores nos remetem aos povos indígenas, representando dois elementos típicos de sua cultura, e essências para a elaboração dessas cores: o jenipapo (preto) e o urucum (vermelho).
Nessa história circular, o aparecimento gradativo da cor vermelha sinaliza o início de um novo ciclo, com o sol a prevalecer e aquecer a todos. Essa pintura quente na face dos animais os torna felizes, radiantes, como se ela desse uma nova vida a eles; e quando o sol fica vermelho, o ápice do ciclo chega... e todos se veem com uma felicidade em se ver “coloridos”. Mas tudo que é radiante acaba, esfriando aos poucos essa alegria, com as chuvas tirando as cores dos animais.. E quando tudo está preto, surge um buraco vermelho, e nossa história recomeça, voltando ao início.
Prontos para entrar nesse eterno ciclo de vida, emoções e sensações, onde o fim é apenas um novo começo!