Um ventinho começa fininho e miúdo, vai se transformando em uma ventania capaz de catar tudo pelo caminho. As folhas das árvores, flores de todas as cores, o barro, a formiga, a aranha na teia e até a água da cachoeira. Cata as penas da galinha d’angola, os guarda-chuvas pelas ruas, uma saia de jongo pendurada no varal e muito mais. O vento, que parece indomável, vai conhecer uma menina que vai inventar uma maneira de catar o próprio vento: um cata-vento!
O bonito livro de Heloisa Pires Lima, com poéticas ilustrações de Josias Marinho, nos convida a sentir o vento na pele e nos cabelos, ainda que seja preciso apertar os olhos para driblar o incômodo, enquanto aproveitamos o som das folhas farfalhando e os diferentes aromas que nos chegam pelo ar. Um lindo aceno para experimentar a vida com todos os sentidos, a obra nos remete aos mágicos moinhos de vento, cuja história acredita-se que teve início por volta do século V, mas seguem fascinando e encantando gerações que não se cansam de admirar e se surpreender mesmo com aquilo que já foi visto muitas vezes.
Além disso, o livro traz protagonistas negros e palavras de origem africana, que nos levam a refletir sobre a importância das histórias de todos os tipos e para todas as idades trazerem em si personagens que representem essa parcela da população brasileira.