Se o conto consiste no poder da concisão e num desfecho que surpreenda o leitor, cá estamos. Sete histórias breves, nada previsíveis e com finais inquietantes.
O texto que abre o livro dá título ao mesmo e narra as paixões fulminantes do imperador Carlos Magno. Primeiro, por Ifigênia, jovem do seu povoado que falece com um anel misterioso embaixo da língua. A medida que esse anel vai passando de mão em mão, muda o objeto de desejo do imperador, do Bispo a uma cigana, até que o anel cai no lago onde a história inicia.
Na sequência há um pai muito preocupado em reunir riquezas para sua filha, mas acaba perdendo-a. Outro pai busca a cura para a filha que deve estar onde menos imagina. Um sultão cruel é traído pela sorte lançada. “De luz e de sombra” é uma espécie de conto cumulativo e também uma metáfora sobre a cegueira que às vezes nos toma diante de determinadas circunstâncias. No penúltimo texto, Andruetto utiliza sequências de frases curtas e curtíssimas, uma outra disposição dos parágrafos que se aproxima da poesia, para recontar a sina de Rapunzel. Por fim, em “A mulher do lacinho”, a autora arremata a leitura com o ápice do suspense e da fantasia desse livro.
A reunião desses contos sugere uma leitura para além do que está escrito. Não há explicações lógicas, nem tudo “faz sentido”. Luto, relações de poder, família e amor sob as camadas de metáforas para suavizar o que muitas vezes é insuportável para os sujeitos. Sejam eles crianças ou não.