Há milhares de anos, o Saara recebia chuvas trazidas pelas monções, criando assim o Saara Verde, onde muitos povos se beneficiaram da fartura da terra. Quando o clima se tornou mais árido e as chuvas raras, as condições de vida começaram a mudar e a escassez de recursos atingiu inúmeros povos. A floresta não tinha mais força para florescer e frutificar, a água começou a faltar... Com as mudanças do clima, o sustento do Povo do Peixe estava ameaçado.
Dona de um precioso dom que permite encontrar fontes de água, Madih, a velha sábia do Povo do Peixe, sente o seu cheiro e as suas vibrações na planta dos pés. Com a promessa de dedicar-se inteiramente a essa tarefa, tem uma vida solitária. No entanto, a vida lhe trouxe a pequena Arinê, abandonada na soleira de seu abrigo. Graças à Grande Mãe, a menina dos olhos cor de chuva sobreviveu.
Sob acusações caluniosas de Tarek, o novo líder, mãe e aprendiz decidem fugir e se escondem longe, numa caverna da Floresta de Pedra. Ao decidir que a hora de agir e enfrentar o chefe do clã havia chegado, Madih, com lágrimas nos olhos, deixa a pequena Arinê sozinha em seu esconderijo. No entanto, em busca de uma solução para as chuvas no Saara, as duas partem em jornadas distintas. A velha sábia vai em busca de conselhos com o grande Deus Crocodilo, no templo que somente as fazedoras de chuva conhecem, até encontrar o amuleto feito de um dente de hipopótamo delicadamente entalhado. Enquanto isso, Arinê busca água e alimento explorando as redondezas da região. Ela então conhece o jovem guepardo Sumani que a faz lembrar de seu dom para se comunicar com os animais; acabará enfrentando os perigos da selva e as investidas dos guerreiros de Tarek, que a culpam por todos os males e a seca. Arinê vive um grande processo de amadurecimento, até entender a natureza de sua verdadeira jornada decidida pelo Grande Deus.
A partir de histórias orais que ouviu em suas viagens pela África e de pinturas feitas em paredes de cavernas na Argélia, Maté, artista plástica autodidata e aquarelista premiada, recriou essa história de superação e desafios em uma África ancestral, confrontando tradições na busca pela união e a sobrevivência de povos distantes. É assim que a paz entre o Povo Peixe e o Povo do Boi começa ser negociada. Dois povos unidos são mais fortes que um só.