Um senhor de chapéu dirigia seu carro em um belo dia de sol, até que o carro deu um defeito e parou, de repente. Ao olhar ao redor, o homem encontra uma construção próxima e caminha até lá. É um museu que parece perdido no tempo e no espaço, o motorista logo percebe que há algo de diferente na atmosfera do lugar, mas não sabe muito bem o que é — e, a princípio, o leitor também não!
A obra de Javier Sáez-Castán e Manuel Marsol é recheada de referências cinematográficas e parece mesmo que estamos assistindo a um incrível videoclipe, em uma bonita homenagem ao pintor surrealista René Magritte. Esta é a base que nos faz sorrir e abrir a boca de espanto num daqueles mistérios que dispensam palavras, literalmente falando... Temos aqui um texto predominantemente visual, isto é, um livro de imagem narrativo, com muitas camadas de informações em todas as suas páginas, por meio das ilustrações detalhadas e das expressões faciais dos personagens. Impossível lê-lo apenas uma vez!
A cada leitura, a sensação é de que vamos descobrindo, junto com o protagonista, o que está acontecendo na história. Ou seria por trás da história? Mas, não se engane: o descortinar das páginas nos traz muitas respostas, mas não todas. Há espaço mais do que suficiente para que cada leitor possa preencher de acordo com a sua imaginação e com suas próprias experiências.
Como diria o famoso pintor francês, isto não é um livro. É um conto policial cheio de espelhos e labirintos.