Feche os olhos e imagine um lugar maravilhoso: colorido, cheio de paz, com rio, plantas, arco-íris, animais cantando e sorrindo... Pois nesse lugar nasceram e cresceram o Monstro Azul, Bocas, Monstro Laranja e Harri. Inseparáveis, viviam a brincar e também a exaltar as habilidades fantásticas que possuíam, menos o Monstro Azul que ainda não sabia o que fazer com seus extraordinários braços.
O quarteto se divertia, mas o ambiente se tornou um tanto caótico e entristecido. Bocas cantava tão alto que a canção não chegava a agradar... até assustava. Monstro Laranja pulava até alcançar as nuvens, contudo acabava machucando-as. Harri era o terror das pedras! Como elas ficavam aflitas com os arremessos longínquos. Enfim, a diversão não era igual para todos.
Houve um dia em que Monstro Azul observou com atenção o mundo à sua volta e percebeu o quão havia mudado. Tudo estava sem alegria! Ao abraçar e ouvir uma triste árvore sem folhas, ele logo compreendeu o que se passava e descobriu um valioso motivo para ter longos braços.
Ao terminarmos a história (contada por Monstro Rosa, personagem de grande sucesso da autora Olga de Dios), sentimos o encanto que é saber olhar o coletivo, descortinar nossos talentos, mudar hábitos e comportamento, tudo ao mesmo tempo. Soube um dia desses que, na língua italiana, o verbo "sentire" possui dois significados: sentir e ouvir. É realmente bonito imaginar que ouvir o outro está intrinsecamente relacionado a senti-lo. Nessa história, o Monstro Azul ouve e sente os sujeitos ao seu redor, abraçando sua comunidade e seu ambiente com respeito, carinho e bom humor.